Bancário e jovem, simples e conciso, tenho dotes que me garantem fama singela de bom escritor. Bem antenado, fã de gibis e recém colecionador de action figures, venho procurando por uma oportunidade de transformar um hobby em algo mais sério. Talvez esta seja a oportunidade, e aqui seja o lugar certo. Espero que sim.
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Trem de memórias
Devido à claridade, o tom cinzento da fumaça quase é confundido com o claro amanhecer de clima seco. Faltam nuvens no céu, e sobram vestígios de lenha queimada jogada ao ar. Um dia comum para um maquinista acostumado com longas viagens transportando a carga de um lado até outro. Mas para o interessado espectador, o momento se torna como uma pintura, que poderia até mesmo ser pendurada na parede de sua sala-de-estar. E aos poucos a nostalgia arrebata o distraído observador, trazido novamente aos tempos de infância, época cuja diversão era ver um pequeno trem dar voltas circulares nos trilhos montados com a ajuda da mãe. Diversão tão sincera que traz saudades, poucas vezes repetida nos corridos tempos de adulto responsável e consumista. Mas que volta, ligeiramente acompanhada daquela querida satisfação das épocas passadas. E como uma rápida chacoalhada, o apito ensurdecedor resgata o entretido homem de dentro da sua saudosa recordação. Sobra, então, somente o amarelo do sol embebido em fumaça, que faz cerrar os olhos. O trem então parte, e deixa para trás muitas memórias com cheiro de queimado.